sexta-feira, 9 de março de 2012

DEIXO IR.....

 
Abro mão da estabilidade estéril que me impede de crescer.

Sou como a chuva que um dia foi lago, riacho e oceano.
Ascendi com o beijo quente dos raios de sol e hoje me derramo para fertilizar outras vidas.
Abro mão da rigidez que me convida a ser sempre a mesma coisa.

Sou como as estações que se sucedem e povoam de flores,
frutos, chuva e sol o ano dos seres - cada coisa em seu tempo e lugar.

Abro mão da acomodação preguiçosa que traz segurança
e ao mesmo tempo cristaliza as ações heroicas que minha alma quer realizar.

Sou como a borboleta que arrisca rasgar seu casulo e sair.

Sobretudo porque a natureza não lhe oferece
um convite - nesse caso ela é imperativa.

Minha vida segue feliz, pois sei deixar
uma margem e partir para outra.

Minha vida segue feliz porque sei quando
é o momento de fechar um capítulo em minha história.

Minha vida é feliz, pois agradeço a tudo o que já me chegou pela contribuição
que trouxe e, com o peito cheio de paz, despeço-me, abrindo assim espaço para novas experiências.

Não retenho, não enclausuro nem me apodero daquilo ou daqueles que
chegam a minha vida, apenas reconheço o que sinto para em seguida deixar ir, abrindo espaço para o que vai chegar.

Não me desespero, não me aflijo
nem blasfemo com os instantes
de desfazimento que uma perda ou uma transformação promovem.

Antes, agradeço a Deus pelo bem que
é a renovação contínua.

Portanto, deixo ir.

Sou feliz em ver que o momento de construção
sempre aparece depois do momento de destruição.

Sou feliz por saber que sou uno com o fluxo da vida.

Sou como a água da chuva que se recicla, estações que chegam e se vão demolindo
e construindo as paisagens, e borboleta que arrisca voar mesmo tendo passado parte da vida presa ao chão.

Com reverência, deixo ir o que é velho para abraçar o novo em minha vida.

Sou feliz, também por ser capaz
de desenvolver em mim o amor desapegado.

**
Texto para meditação de Kau Mascarenhas
(do livro "Mudando para Melhor" - ed. Altos Planos)

Abraços de Luz
Regina
SENTIR, CRER E SER

Nenhum comentário: