Os bahá’ís consideram sua Fé a renovação
de toda religião profética.
A revelação é progressiva.
Cristo expressou este
conceito ao dizer: "Ainda tenho muitas coisas que vos dizer mas vós não as
podeis suportar agora, porém quando vier aquele Espírito da Verdade, ele vos
guiará em toda a verdade."
Cristo, como também os outros Instrutores divinos,
prometeu a vinda de um Outro que guiaria mais uma vez Seus filhos...
O bahá’í vê todas as grandes religiões
proféticas como partes de um plano divino para educar o homem a fim de que ele
possa por sua vez levar avante "uma civilização que há de evoluir sempre."
Desde
Abraão, cada Educador Divino tem trazido uma mensagem na qual se destaca algum
princípio necessário, e cada vez se reiteram certos preceitos básicos por serem
estes sempre verdadeiros, sempre vitais ao bem-estar do homem. Moisés trouxe uma
mensagem- de justiça, Buda ensinou a renúncia, Jesus o amor, Maomé a submissão.
Hoje, o Autor da Fé Bahá’í traz a mensagem da unidade. Mas através de todas
essas mensagens se percebe a Regra de Ouro, segundo a qual todos os homens são
irmãos, filhos de um só Deus.
É óbvia a razão porque o Criador tem
enviado uma série de Mensageiros.
Assim como a criança no jardim de infância não
está pronta para enfrentar a álgebra, também os homens no tempo de Jesus estavam
longe de poder compreender o conceito de um só mundo.
Naquele tempo, os meios de
comunicação rápida não haviam ligado as nações.
À medida que as condições mudam,
deve a religião adaptar-se. E quando a religião declina, tem que ser
revitalizada.
Somente Deus pode efetuar a transformação.
Essa transformação deverá ter início no
coração dos homens do mundo inteiro.
O ensino religioso só pode ter efeito se se
educam os corações.
Nosso Criador funciona através dos homens; são eles Seus
instrumentos para criar novos padrões de ação, devendo, pois, evoluir. Urge
haver homens de coração maduro, bem como de mente madura. O bahá’í acredita ser
possível transformar-se a natureza humana, podendo-se enobrecê-la quando o homem
se sujeita espontânea e conscientemente à Vontade Divina.
Disforme era a humanidade à qual
Bahá’u’lláh se dirigiu, aleijada de mente e espírito, e Ele proveu a cura.
Na
receita que ofereceu, a vida pessoal deve imbuir-se de um grande fluxo de amor e
compreensão.
Quando não podemos amar um indivíduo por suas características
pessoais-soais, devemos apreciá-lo por amor a Deus. Todo homem é filho do
Criador.
Deve ser nosso objetivo ver a face de Deus – falando figuradamente – em
toda criatura humana...
Estes ensinamentos podem ser melhor
compreendidos à luz de uma breve história da Fé Bahá’í Mundial.
Não deve causar
admiração o fato de não se haver anunciado em todo o mundo o nascimento da Fé.
Jesus não figurou em cabeçalhos no Seu tempo.
H. G. Wells observou com acerto
que os primórdios do renascimento religioso "nunca são conspícuos." No dia
23 de maio de 1844, um jovem persa de vinte e cinco anos de idade, que viria a
ser conhecido como o Báb, anunciou Sua missão: a de preparar o caminho para
"Aquele que Deus tornaria manifesto", e de introduzir certas reformas vitais. À
medida que o número de Seus adeptos crescia, o clero maometano se alarmava.
Após
apenas seis anos de ensino, Ele foi martirizado publicamente por ordem desse
clero. Já cumprira, porém, Sua missão. Assim como João Batista preparou os
corações e as mentes para o advento de Jesus, também o Báb abriu o caminho para
a vinda de Bahá’u’lláh ("Glória de Deus").
Nascido numa família da alta nobreza da
Pérsia, em 1817, Bahá’u’lláh deveria ter seguido os passos de Seu pai, que era
Ministro de Estado do Xá, porém a isso renunciou.
Ainda criança, mostrava
sabedoria e bondade extraordinárias. Mais tarde, abraçou os ensinamentos do Báb
sem receio das conseqüências, seguindo-se resultados catastróficos: a bastonada,
a confiscação de Suas propriedades, longos anos de encarceramento e
exílio.
No ano de 1863, pouco antes de Seu degredo
de Bagdá à cidade de Constantinopla, Bahá’u’lláh disse aos adeptos que era
Aquele Cuja vinda não só o Báb mas todos os Profetas haviam predito.
Esta
estupenda verdade se insuflara Nele num tempo de grande sofrimento físico. Seus
adeptos receberam esta declaração com júbilo intenso. Muitas notabilidades,
inclusive o governador de Bagdá, vieram prestar homenagens ao Prisioneiro antes
de Sua partida. Finalmente, para afastarem Bahá’u’lláh das multidões que se
sentiam tão atraídas a Ele e à Sua Mensagem, encarceraram-No na terrível colônia
penal de Akká, na Palestina. Por muito tempo, muros espessos excluíram-No da
natureza que Ele tanto amava.
O Professor Edward Granville Browne, da
Universidade de Cambridge, única pessoa do Ocidente a visitar Bahá’u’lláh,
conta-nos: "Desnecessário era perguntar em presença de quem eu me achava,
enquanto me curvava ante Aquele que é objeto de uma devoção e um amor que os
reis bem poderiam invejar e os imperadores suspirar em vão." Proferiu-lhe
Bahá’u’lláh palavras de ânimo: "Só desejamos o bem do mundo e a felicidade das
nações.
Que todas as nações se unam na mesma fé e todos os homens se tornem
irmãos; que se fortaleçam os laços de afeto e união entre os filhos dos homens,
cesse a divergência de religião e se anulem as diferenças de raça.
Que mal há
nisso? E assim há de ser: essas lutas infrutíferas, essas guerras ruinosas
passarão e a Maior Paz virá. ... Não se vanglorie o homem de amar a pátria;
antes, tenha ele glória em amar sua espécie."
Não permitindo que exílio e encarceramento
Lhe sustassem a pena, Bahá’u’lláh escreveu longas epístolas aos governantes do
mundo ocidental, exortando-os ao caminho da paz.
Foi autor de muitos livros que
abrangem inúmeros assuntos. Segundo seu conceito, a religião é uma atitude para
com Deus que se reflete em nossa vida de todo dia. Assim Seus Escritos tratam da
ética e moral, da fé em Deus, das relações humanas, da prece e da meditação;
interpretam os Ensinamentos religiosos anteriores e as profecias do futuro;
discorrem sobre a economia política, a educação e as relações entre as raças...
Embora seja estupenda a pretensão de Bahá’u’lláh — a de ser o Prometido de todos
os tempos, o Espírito da Verdade predito por Jesus — Sua sublime Mensagem,
segundo a expõem esses Escritos, sustenta a pretensão.
Com o falecimento de Bahá’u’lláh em 1892,
Seu filho mais velho, ’Abdu’l-Bahá, tornou-se Seu intérprete autorizado da nova
Fé.
’Abdu’l-Bahá visitou a América em 1912, difundindo a Mensagem de Bahá’u’lláh
de costa à costa numa "tournée" histórica. Na Última Vontade e Testamento,
’Abdu’l-Bahá nomeia Seu neto, Shoghi Effendi, como o Guardião da Fé Bahá’í.
Shoghi Effendi faleceu em 1957.
Vinte mil martírios não lograram sustar a
influência dos novos Ensinamentos que vieram então a abranger o globo e são
apreciados desde Egedesminde, na Groelândia, até Magalhães do Chile, a cidade
mais próxima do Pólo Sul. Bahá’ís já se estabeleceram em mais de 150.000 centros
em 300 países e territórios.
Há representantes de raças, entre elas sudaneses
da África, esquimós no Alaska e maoris na Nova Zelândia; as origens religiosas
são muitas; traduziu-se a literatura para mais de 800 idiomas.
Desde as ilhas de
Fiji no Pacífico, do Japão e da Índia até a Alemanha e a Grã-Bretanha, onde quer
que os bahá’ís se encontrem, corações e mentes associam-se em harmonia.
Representantes da Comunidade Internacional Bahá’í ocupam atualmente lugares como
delegados e observadores com status consultivo em diversos organismos das Nações
Unidas, como a UNICEF, ECOSOC, UNEP e outros, convocados para selecionadas
organizações não-governamentais.
As atividades bahá’ís coordenam-se
harmoniosamente dentro de um sistema administrativo que é tão simples quanto
eficaz.
Não havendo clero, é dever dos bahá’ís ensinarem a Fé e trabalharem onde
quer que haja necessidade.
Há bahá’ís isolados, outros em grupos; servem nos
comitês, nas comunidades, nas Assembléias Locais, ou nas Assembléias Nacionais,
ou na Casa Universal de Justiça. Não existe facção; tomam decisões após preces e
consulta franca, com espírito de amor.
Aqueles eleitos aos vários cargos têm as
respectivas responsabilidades em virtude de mérito, a ninguém tendo de responder
senão a Deus.
Deste modo consegue-se unidade em meio a grande diversidade.
Nesta Fé os homens vêem cumprirem-se as
profecias, quase em nossos dias; acham a solução para seus problemas, respostas
às suas preces; e paz de espírito e de coração.
Os aspectos pessoais da Fé
satisfazem o indivíduo; seus aspectos sociais haverão de curar uma civilização.
Quem deseja conhecer a Fé Bahá’í deve
lembrar-se de que esta Fé não somente é um vibrante apelo para a paz mundial,
mas também convoca a todos poderosamente para Deus.
A Palavra de Deus exorta o
homem neste versículo de Palavras Ocultas: "Volve tua face para a Minha e
renuncia a tudo menos a Mim; pois Minha soberania dura e Meu domínio não perece.
Se buscares a outro senão a Mim, ainda que procures no universo para todo o
sempre, em vão será tua busca.
Caminhos de Paz
Regina
SENTIR, SER E CRER
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